16 de set. de 2011

Nescau e Atum na criatividade do tráfico em Tefé

Droga estava na lata de nescau
Mas se a própria lei acaba incentivando a prática criminosa no Brasil, com suas penas brandas ou na burocrática materialidade do crime, para muitos vale o risco e ganhar a vida com o tráfico chega até ser fácil. – Dar até pra vender coca como Nescau ou atum. Foi assim ano passado, quando a Polícia Civil encontrou em uma embarcação procedente de Maraã algumas latas do alimento, ou melhor, da substância.
Tráfico de drogas nas cidades da calha do Rio Solimões nunca foi novidade. O mais surpreendente é que na maioria desses locais a própria comunidade identifica quem consome e, principalmente quem vende. Se a polícia está inserida na comunidade o natural é que ela também consegue identificar quem alimenta a rede de tráfico em cada uma dessas cidades.
Em uma situação mais recente, o sinistro deixou perplexos os pais de uma criança de oito anos. Era o café da manhã e a família pretendia substituir o café por Nescau, mas no lugar do Nescau veio outro pó: cocaína. O caso foi levado à polícia, que intimou a proprietária do estabelecimento, no bairro Jardim Lara. – “Foi um mal entendido”, justificou a filha da dona da “taberna” ao saber que o sinistro seria veiculado no jornal. “– Minha mãe já tem um advogado e ela poderá de processar, ameaçou”, com ar ingenuidade ou talvez com a segurança de quem convive com a impunidade.
                Na rede do narcotráfico, a polícia é só mais uma estrutura falha em um sistema que sempre se mostrou mais organizado e mais eficiente do que quem combate. Que o diga a Polícia Federal, quando ano passado perdeu um de seus Agentes, em uma luta desleal, onde o governo finge que atua e a população faz de conta que acredita no combate ao narcotráfico, o policial cumpre o seu papel, acredita na missão.