10 de mar. de 2011

Paciente suspeita de Dengue morre três horas depois de entrar no hospital

A vida conjugal de Messias dos Santos Vitório, 22 e Rosiane Tavares da Silva, 24, ambos tefeenses, moradores do bairro de Santa Tereza, estava apenas começando. Depois de sete anos de namoro os jovens resolveram selar os laços matrimoniais, estavam casados há apenas dois meses. Messias, soldado do exército brasileiro fazia planos para o futuro, ele aguarda para os próximos meses o engajamento como militar. “Com o engajamento nossa vida iria melhorar” lamentou o soldado.

Tudo caminhava conforme o casal planejava até a esposa entrar na lista das centenas de pessoas que já contraíram a Dengue.

Mas o que parecia ser só mais uma vítima de uma epidemia anunciada revelou para o casal um drama muito maior. Messias relatou que esposa passou mal no dia 06 de fevereiro (domingo) e que na segunda-feira teria levado-a para um Posto de Saúde, no Centro de Tefé, onde, segundo o marido, foi colhido sangue para teste de malária, tendo resultado “negativo”; que na terça-feira a esposa continuava com febre, dor de cabeça e dores nos ossos e que teria tomado paracetamol. Ele afirmou ainda que na quarta-feira, durante a noite a esposa teria se recuperado da febre e da dor de cabeça, porém se sentia muito fraca.

“Na quinta-feira pela manhã ela estava sentindo dores fortes nas costas, sentia tonturas, tinha crise de vômitos e acabou desmaiando”, relatou o marido. Segundo ele, por volta das 14:00 horas foi ligado para o Hospital Regional solicitando uma ambulância, que teria chegado ao local por volta das 15:00 horas, com o motorista, mas sem nenhum enfermeiro. “Minha mãe acompanhou-a até o hospital e ao dar entrada, ali não houve atendimento médico. Minha esposa reclamava de fortes dores e precisava deitar-se, porém, o hospital não disponibilizou nenhum leito, depois uma paciente cedeu o seu leito para minha esposa”, relatou.

Messias afirma que por volta das 16:00 horas uma enfermeira aplicou soro e colocou oxigênio na esposa e que por volta das 17:20 presenciou os seguintes procedimentos: o médico, Sandro Munhoz compareceu à porta, deu apenas uma olhada de longe, perguntou o que ela estava sentido e que o esposo teria respondido que a esposa estava com fortes dores nas costas e que não estava mais suportando as dores. O médico retirou-se do local e que teria surgido uma enfermeira para aferir a pressão arterial da paciente, que naquele momento era de 10/5. Logo em seguida veio outra enfermeira para aplicar uma injeção. Perguntei que medicamento seria aquele e ela respondeu que era Dipirona. “Depois disso aplicou mais duas injeções (diclofenaco). Em seguida minha esposa começou a suar frio, sentir falta de ar e pedir socorro. Fomos chamar o médico, que demorou uns três minutos a atendê-la. O médico que apareceu no local já era outro que não sei dizer o nome. Ele começou a fazer massagem cardíaca em minha esposa, aplicaram mais injeções de adrenalina e o desfibrilador. Naquele momento minha esposa faleceu. Fomos procurar o médico que fez o primeiro atendimento, mas o mesmo não se encontrava mais no hospital”, relatou.

A família reclamou ainda que o atestado de óbito e o prontuário de atendimento foram assinados por um terceiro médico que não participou do atendimento, José Rodrigues de Melo e que o médico que teria atendido Rosiane não teria CRM (registro no Conselho Regional de Medicina).

O médico confirmou que assinou o atestado de óbito para facilitar os procedimentos funerais da vítima, mas não se manifestou sobre o prontuário porque disse que não foi ele quem atendeu a paciente e que também por essa razão não iria se manifestar sobre o caso.

Procurada por nossa equipe, a Secretária de Saúde do Município, Nalu Celane Pinheiro confirmou que o médico que atendeu a paciente não tinha o CRM (registro obrigatório para o exercício da medicina), mas que ele já teria dado entrada no registro e que ele possui um protocolo que o autoriza a exercer a profissão.

Ainda de acordo com a secretária, no dia do ocorrido, ela estaria em Manaus participando de uma pactuação com equipes do Governo do Estado e do Ministério da Saúde e que ao chegar em Tefé reuniu com todos os funcionários que participaram do atendimento da paciente. Ela afirmou ainda que a paciente teria passado pela triagem e que o medicamento aplicado teria sido recomendado porque o médico se encontrava atendo outros pacientes. A família contesta a versão da diretora sobre a triagem.

“Há informações de que essa paciente já chegou com “choque”, desidratada e muito debilitada”, disse. A secretária afirmou ainda que provavelmente a paciente veio a óbito por Dengue Hemorrágica e que a família teria demorado a levá-la ao hospital.

No atestado de óbito a causa da morte é definida como Choque Hipovolêmico e Desidratação.

A confirmação do óbito será atestado, de acordo com a secretária, depois da análise minuciosa dos procedimentos e informações dos funcionários, pois no momento do óbito não havia sorologia no hospital e que o sangue coletado para análise teria sido extraviado.

O comando da 16ª Brigada não quis se manifestar sobre o caso, mas informou que está dando todo o suporte necessário para o esclarecimento dos fatos. Um encontro do General Pedro Antônio Fioravante com o Juiz de Direito da 1ª Vara do Fórum de Justiça de Tefé foi confirmada na última quinta-feira, dia 24/02.

O soldado está recorrendo à justiça e disse que exige esclarecimento sobre a morte de sua esposa.

 
“Ela entrou andando e saiu morta depois de três horas. Algo de errado aconteceu”, reclamou.

2 comentários:

  1. acorda PAPI, tu não és mais candidato, desse do palanque e comesse a governar se não tu vais se ferrar.

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  2. Essa morte revela o descaso com a saúde de Tefé. Senador Eduardo Braga de olho no dinheiro de Tefé. Te cuida Papi!

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